sexta-feira, 19 de agosto de 2011
Esse chapéu não é seu
Cansei de quem gosta como se gostar fosse mais uma ferramenta de marketing. Gostar aos poucos, gostar analisando, gostar duas vezes por semana, gostar até as duas e dezoito. Cansei dessa gentinha também que não gosta porque o cabelo de fulano não é da sua cor preferida, porque o ciclano tem umas gordurinhas ou porque beltranho tem uma voz engraçada. Como se a personalidade e o que realmente vale dentro de uma pessoa fosse descrito através de superficialidades como essas. Cansei das pessoas que querem sempre parecer superiores, agir como superiores, falar como superiores. Você não é, não foi, nem nunca será melhor ou pior que ninguém entenda. Todo mundo quando acerta, acerta do mesmo jeito, mas errado...bom, errado todo mundo é de um jeito diferente. E isso vale pra quase tudo. Eu, particularmente, gosto das pessoas pelo prazer de gostar e não porque deu tempo de gostar delas. Há uns dias eu acordei de um jeito diferente, pensando diferente, até mesmo respirando diferente. Há uns dias eu acordei sem ter quem amar, mas aí eu olhei no espelho e vi a única pessoa que pode realmente me fazer feliz. Reinvento-me sempre que a vida pede um pouco mais de mim. Sou complexa, sou mistura, sou mulher com cara de menina... E vice-versa. Me perco, me procuro e me acho. E quando necessário, enlouqueço e deixo rolar... Não me dôo pela metade, não sou tua meio amiga nem teu quase amor. Ou sou tudo ou sou nada. Não suporto meio termos. Eu descobri que tentar não ser ingênua é a nossa maior ingenuidade, eu descobri que ser inteira não me dá medo porque ser inteira já é ser muito corajosa. E tentar não confiar nas pessoas nos leva muitas vezes a acabar confiando nas pessoas erradas. Aprendi a amar menos, o que foi uma pena, e aprendi a ser mais cínica com a vida, o que também foi uma pena, mas necessário. Viver boba e perdida pode ser fatal. Eu treinei viver sem pessoas, eu treinei porque é um absurdo precisar de algumas pessoas para estar feliz. De tanto treinar acostumei. Mas às vezes eu ainda queria que ele aparecesse, o homem que vai me olhar de um jeito que vai limpar toda a sujeira, o rabisco, o nó. O homem que vai ser o pai dos meus filhos e não dos meus medos. O homem com o maior colo do mundo, para dar tempo de eu ser mulher, fazer amor para sempre. Para dar tempo de seu ser criança, chorar para sempre. Para dar tempo de eu ser para sempre. De verdade, não de boca. Cansei de morrer na vida das pessoas. Por isso matei as pessoas. Antes que eu morresse de amor. Matei-o. Talvez seja um pouco de covardia. Mas antes covardia do que ilusão.
segunda-feira, 15 de agosto de 2011
Acaso estranho Estranho acaso
Faziam dias. Os olhares se cruzavam, eles se entreolhavam, eles se esbarravam. Primeira batida. Música no play. Suor frio e quente ao mesmo tempo. Enquanto isso os pensamentos eram diversos, todos agora num universo totalmente diferente do que o de costume. Flash um, flash dois. Pisca. Abre os olhos. Ele está à sua frente e se movimenta como se soubesse que estava sendo observado. E ele então começa a observar. Esses olhos que mais parecem tocar do que olhar agora a prendem num universo totalmente dele, totalmente fechado, misterioso e excitante. Ainda que ela se mova ela continua no campo. No campo visual. Presa, observada, fitada, flertada. E gosta. Acabou o tempo. Se dirige a porta como se abandonasse os momentos de devaneios como quem toma uma dose de calmante todos os dias. Todos os dias ao passar pela porta era uma calma a mais, um suor a mais e a menos. Toca o telefone. Para e atende. Ele então vem. Vem até a porta. Desliga o telefone.
- Com licença (sorriso torto sem graça)
Ela assusta.
- Claro...
Passos até a saída, em sintonia. Param, respiram, inspiram, expiram. Se olham. Começa o diálogo. Tão espontâeno como se tivesse sido armado. Como se fosse uma peça de teatro. Sorriam, gargalham. Sintonia. A àrvore, o poste ou o que seja traz consigo uma surpresa. Um cisco, uma folha, um ramo, o que seja.
- Meu olho, caramba me ajuda.
-Deixa eu ver - ele diz.
- Aqui olha, assopra pra mim.
Era necessário assoprar assim com as mãos no rosto, quase tocando o meu cabelo? Talvez.
- Assopro.
-Devagar.
- Claro...
Perto, mais perto, mais perto. E assim, um acaso estranho estranho acaso virou um beijo. Dois. Três. Quatro...
- Com licença (sorriso torto sem graça)
Ela assusta.
- Claro...
Passos até a saída, em sintonia. Param, respiram, inspiram, expiram. Se olham. Começa o diálogo. Tão espontâeno como se tivesse sido armado. Como se fosse uma peça de teatro. Sorriam, gargalham. Sintonia. A àrvore, o poste ou o que seja traz consigo uma surpresa. Um cisco, uma folha, um ramo, o que seja.
- Meu olho, caramba me ajuda.
-Deixa eu ver - ele diz.
- Aqui olha, assopra pra mim.
Era necessário assoprar assim com as mãos no rosto, quase tocando o meu cabelo? Talvez.
- Assopro.
-Devagar.
- Claro...
Perto, mais perto, mais perto. E assim, um acaso estranho estranho acaso virou um beijo. Dois. Três. Quatro...
segunda-feira, 8 de agosto de 2011
Diamantes por Dentro
Eu queria muito saber descrever o que eu estou sentindo agora. É um misto. Um monte de coisas espalhadas dentro de mim. Como se pedaços da lua se mechessem no meu peito, no meu estômago e na minha cabeça. Estou escutando Ben Harper e poxa como eu me identifico com essa música (Diamonds on the Inside). Eu sei que eu vou colocar essa música no replay umas vinte vezes. E eu não me importo. Ao mesmo tempo que estou escrevendo isso aqui, como se fosse um diário, estou fazendo uma redação sobre um tema que não beira nem um pouco o que eu estou sentindo (matança de animais). Senti falta de escrever sobre o que eu sinto, de verdade. Eu estava meio apreeensiva quando comecei a digitar e já estou me sentindo quase a pessoa mais tranquila do mundo. As palavras me libertam de uma forma que eu não consigo explicar. Tenho paixão por escrever, isso é um fato, ainda que eu não seja das melhores "escritoras". E eu já coloquei a música no replay. Fazia muito tempo que eu não chorava pelo motivo que eu estou chorando agora. Na verdade a última vez deve fazer meses, ou até anos. Caramba! É muito estranho esses déjavu's de sentimento, ou melhor, de emoção. Ontem eu dispensei uma chance boa, talvez uma chance de ser tudo aquilo que eu não queria ser anos atrás. Uma chance de arriscar. Arrisquei por uns dias, confesso, mas eu quero mesmo é ser a Lana...Eu amo essa garota.Eu nunca vi ninguém que consegue ser tão feliz quando devia estar tão triste. Eu nunca vi ninguém tão doce quando devia estar tão amarga. Eu nunca vi ninguém tão, tão, tão...intensa. Às vezes ela chora quando quer sorrir e ela sorri quando quer chorar. E isso faz dela mais forte do que eu pensei. Ela sabe parar. Ela sabe continuar. Ela guarda lembranças, mas não guarda memórias. Ela coloca cartas no fundo da gaveta, encripta fotos mas não resiste a possibilidade de um olhar. Ela é a esquisita que eu amo ser. Eu estou tão contente em chorar, não sei. Se acaso a vontade não passar eu vou continuar chorando, ou então finjo um sorriso, tanto faz. As pessoas costumam acreditar em falsos sorrisos tão bem quanto acreditam em falsas promessas. Talvez eu seja somente uma maluca desabafando na internet. Talvez eu seja só uma desvairada apaixonada, pela vida e pelas pessoas que não sabe direito como descrever nada do que sente. Ou talvez eu só tenha aprendido mais uma lição. Aquela de que quando a gente para de olhar para o que quer a gente começa a perceber o que a gente merece. Sei lá. Será que esse amontoado de letras que eu escrevi faz algum sentido? Não sei. Estou me sentindo muito velha ultimamente. Muito ampla. E estou escutando a música de novo. Ela diz assim: "conheci uma garota, e o nome dela é 'verdade', ela é uma péssima mentirosa. E ela...bom, ela tem diamantes por dentro".
domingo, 7 de agosto de 2011
Necessariamente, mas não exatamente
Vai chegar um dia (em pouco ou muito tempo não sei, não importa) em que você vai sentir falta. Por alguma razão não explicada pela ciência você vai sonhar comigo e vai ser domingo, num dia em que você não precisa acordar. E então você vai acordar meio assustado, mas sentindo uma coisa por dentro que se confunde com fome ou agonia. E sem abrir os olhos você vai lembrar da primeira vez que sorri só porque tinha visto você. Você vai tentar repreender minha lembrança, mas ela já vai estar aí. Você vai abrir os olhos e ao olhar para as paredes vai lembrar de mim e vai procurar. Procurar uma foto, um objeto, qualquer coisa que seja que traga algum momento vivo à mente de novo, mas não vai ser suficiente. Você vai sentir falta. Você vai jogar a cabeça no travesseiro, mas acontece que o meu cheiro já sumiu dele há muito, muito tempo. Você vai vasculhar na memória. Você vai sentir falta. Você vai perceber o quanto era bom, o quanto era especial, e o quanto era verdadeiro. De verdade. E então vai sentir falta. Vai sentir falta da pessoa que sabia conversar sobre queijos e história antiga, sobre filmes e geopolítica, sobre futebol e lojas de roupa. Você vai sentir falta até da forma como eu pintava minhas unhas. Você vai sentir falta de escutar não, você vai sentir falta de ter que insistir. Você vai sentir falta de escutar o "eu te amo" mais doído do planeta todo dia. Você vai sentir falta do que fomos e do que não conseguimos ser. Você vai sentir falta de ver nos olhos o que estava por dentro. Você vai sentir falta de ver em alguém tudo aquilo que faltava em você. Você vai sentir falta de com um aperto sentir que aquilo estava completo. Você vai sentir falta dos momentos que você nunca trocaria por outros. Você vai sentir falta de olhar para alguém com quem você realmente visse um futuro. Você vai sentir falta de escolher nomes para filhos que nem nasceram e talvez nunca existissem. Você vai sentir falta de alguém que te fazia mudar de ideia, te fazia pedir desculpas para as pessoas e te dizia que você não estava certo o tempo todo. Você vai sentir falta da maciez que era o abraço e como era diferente porque tinha amor. Você vai sentir falta de brigar e sentir vontade de verdade de ligar de volta e pedir desculpas caso necessário fosse. Você vai sentir falta de alguém que fale que você é lindo, incansavelmente, e aprecie até sua cara de dengoso. Você vai sentir falta de alguém que colocava fé em você, e te via por muito além da capa. Você vai sentir falta de ter pra quem contar suas vitórias e seus medos. Você vai tentar lembrar de como eu era pra não me deixar perder nas lembranças. Você vai sentir falta de escutar o sim mais alegre que existe. Você vai sentir falta de ser o mundo de alguém. Você vai reler meus bilhetes e vai tentar me escutar lendo eles. Você vai sentir falta da minha voz, a qual talvez nem se lembre mais. Vai sentir falta de planejar aquela viagem pra Guatemala ou Macchu Picchu só com a mochila nas costas. Vai sentir falta até de como o nosso beijo encaixava, ou talvez de como a intensidade colocada nele era mais do que física. Você vai sentir vontade de estar com alguém diferente. Mas então você vai ver que é tarde demais. Que não tem mais meu telefone, nem meu endereço, nem meu interesse, nem meu amor. E de repente, num susto, o telefone vai tocar, uma voz doce vai perguntar se você está bem, e não vai ser a minha. Não mais. Nunca mais. E então recomeçará o dia.
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