domingo, 18 de setembro de 2011

Noite Livre

Um dia desses ela decidiu não lembrar de nada. Nem se limitar. Ela decidiu simplesmente ser, deixar com que as palavras saíssem por si só e o gestos dissessem mais do que as palavras. Depois de ficar perdida o dia todo entre as ruas, entre as notas musicais e entre as expectativas eufóricas, ela decidiu sorrir. Ela sentou e sorriu bastante, comeu chocolate até começar a tossir e não se limitou. Chorou de rir, falou sobre coisas bobas e deu o primeiro passo. Ela mal sabia que esse passo ia acabar mais longo do que pensava. O primeiro passo levou-a até ele. Pra perto dele. Não que fosse coisa de filme, mas ela teve que sorrir para não babar. Caramba. Olha onde ela estava ontem, e olha onde ela estava agora.

Sequência de Quinta

Diálogos fáceis, palavras simplistas
Ouvidos atentos, algumas bebidas
Sorrisos trocáveis, vontades implícitas
Momentos espontâneos, suas iguarias

Cabelos sedosos chamam por mãos soltas
Braços envoltos dispensam voz rouca
Olhos nervosos criam pálpebras frouxas
Como um estalo, encostam-se bocas

Desfazem-se roupas, encontram-se corpos
Ao apertar-se os peitos fecham-se os olhos
Músculos agem sozinhos no quarto
O ar condicionado é o transpiro dobrado.

Lana Lima.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Sei lá

Todos os dias eu renasço. A aurora invisível à minha janela me torna outra só por sequer existir. Com segundos a menos, com ansiedade a mais. Ou com tudo isso ao contrário. É possível? Eu me renovo e continuo a mesma. Eu escrevo, e os meus melhores escritos já foram publicados. Nunca soube. A letra voa e eu nunca soube. Hoje sonhei com o amor da minha vida. Sim, foi ele que me disse isso no sonho. Nunca o vi. Ele me deixou apavorada com seu discurso, mas eu fiz questão de escutar até o final. Estranho. Acho que existe alguma parte dentro de mim que insiste em me amar. E ele me pediu para respondê-lo. Seria possível? Ele ao menos era simpático, bonito, não nego, e tinha palavras doces meio em preto e branco. Alguns cientistas dizem que nós sonhamos em preto e branco e que quando acordamos é então que processamos todas as cores. Só me lembro dele em preto e branco. Será então que eu não acordei? Será que eu estou dentro do sonho e então o meu amor está por aí? Bizarro. Com tanta gente para eu me apaixonar e eu vou querer me intrigar logo pela minha própria imaginação. Brincadeira, eu não estou apaixonada por ele. Mas ele bem que insistiu bastante.


Se eu não fui suficientemente diferente em vida, eu fico suficientemente feliz por estar sendo em morte.